O sucesso de Maria Rita
Fotos: divulgação
Maria Rita, filha da espetacular e saudosa intérprete da música brasileira Elis Regina e do extraordinário pianista e arranjador César Camargo Mariano, com quem tive o enorme prazer de trabalhar no disco “Extra”, de Gilberto Gil, prepara pela primeira vez um repertório todo voltado a sua mãe, que vai servir de homenagem pelos 30 anos de sua morte, completados em 2012.
Sim, o que todos esperavam há tanto, parece que vai se tornar realidade. Não é de hoje que comparações com a voz, o jeito, seu carisma no palco, acabam fazendo as pessoas pensarem em Maria Rita sempre como filha de Elis Regina, afinal, essa menina, que há oito anos surgiu como cantora, veio cercada de uma enorme expectativa e explodiu em vendas de CDs.
O seu primeiro álbum foi “Maria Rita”, lançado em Setembro de 2003, chegando a ultrapassar a marca de mais de um milhão de cópias no mundo todo, o que, para os padrões do mundo fonográfico de hoje, é bastante significativo. O primeiro DVD, com o mesmo título, e que foi para as lojas na primeira semana de novembro do mesmo ano, chegou à marca de 180 mil cópias. Ambos foram lançados em mais de 30 países, incluindo Alemanha, Argentina, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile, Colômbia, Dinamarca, Equador, Finlândia, França, Inglaterra, Itália, Japão, Coreia do Sul, República Tcheca, México, Holanda, Noruega, Portugal, Suécia, Suíça, Taiwan e Venezuela.
Maria Rita conseguiu, no Brasil, um Disco de Platina Triplo e um DVD de Diamante; em Portugal, CD de Platina. Além do reconhecimento de público e de crítica, Maria Rita venceu, em 2004, o Grammy Latino nas categorias Revelação do Ano, Melhor Álbum de MPB e Melhor Canção em Português (“A Festa”); o prêmio Faz a Diferença, oferecido pelo jornal O Globo; o troféu da categoria Melhor Cantora do Prêmio Multishow; e o Prêmio Tim nas categorias Revelação e Escolha do Público.
A canção “Encontros e Despedidas”, do seu primeiro CD, foi tema da novela “Senhora do Destino”. No dia 14 de setembro de 2007, Maria Rita lançou o seu terceiro CD, “Samba Meu”, produzido por Leandro Sapucahy e co-produzido pela própria cantora. O CD teve lançamento simultâneo nos Estados Unidos, na América Latina, no México, em Portugal, em Israel e no Reino Unido.
Em abril de 2008, a ABPD concedeu o Disco de Platina a “Samba Meu”, pelas mais de 190 mil cópias vendidas do CD. O álbum, que foi o décimo CD mais vendido em 2007, também ganhou o prêmio de “Melhor CD” no 15º Prêmio Multishow de Música Brasileira. Seus shows estão sempre lotados, o público, que a princípio seria apenas de órfãos de sua querida mãe, aos poucos vai se ampliando e ganhando cada vez mais pessoas de diversas faixas de idade e gosto musicais. Mas as comparações com sua mãe, Elis, sempre acabam acontecendo, e agora parece que esse tabu está para ser quebrado. Cantora consagrada, ela está mais madura a cada disco, mostra-se preparada para enfrentar o desafio de fazer cinco apresentações todas voltadas para o repertório de sua mãe, com músicas escolhidas a dedo por ela própria, e que percorrerão Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre em 2012, quando se completam trinta anos da morte da incrível cantora, que, para muitos fãs da boa música, foi a melhor cantora que o Brasil já teve até hoje.
O projeto, até então, está sendo batizado de “Redescobrir Elis”, e terá, além dos shows e de uma exposição, um site da obra, um livro e um documentário. Tudo isso requisitado por incentivo do Ministério da Cultura, através da Lei Rouanet.
Muitas pessoas querem ainda saber se esse maravilhoso projeto vai virar CD/DVD, mas isso ainda não podemos dizer. A princípio, nada está nos planos, devido aos altíssimos custos de produção.
Não se pode negar a influência que Elis tem sobre a música brasileira até hoje. Passados quase 30 anos de sua morte, existe uma legião de fãs pelo mundo todo. Elis é cultuada até hoje também no Japão, onde tem um público fiel de fãs. Muitos também vão dizer que isso é uma tremenda jogada de Marketing, uma grande forma de se ganhar dinheiro em cima da imagem de um ícone da música brasileira, mas eu, particularmente, prefiro a definição que li em recente reportagem de seu filho e produtor musical, João Marcello Bôscoli, de que, se a família de Elvis Presley é capaz e pode muito bem cuidar de sua obra, porque não a de Elis Regina? Achei muito boa essa colocação de João Marcello, a quem, por sinal, conheci muito menino, no camarim do show que eu fazia com Gilberto Gil, em São Paulo. Ainda me lembro como se fosse hoje, aquele menino entrando em meu camarim, levado pelas mãos de nosso pianista Jorjão Barreto (Banda Black Rio), muito amigo de seu pai, o já citado pianista César Camargo Mariano.
Maria Rita ainda faz mistério sobre o set-list do show, mas certas canções não poderão ficar de fora. “Como Nossos Pais”, por exemplo, e esse saxofonista e produtor musical que lhes escreve torce também para que ela inclua “Se Eu Quiser Falar Com Deus”, de Gilberto Gil, que ficou belíssima na interpretação de Elis.