Intolerância
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O homem é um ser sempre insatisfeito.
Deus nos criou perfeitos, entretanto, o pecado nos baniu do Éden e passamos a viver a custa do suor do próprio rosto. Vieram as dores e as angústias, tão normais neste mundo terreno. Estamos em constante luta entre o bem e o mal. Entre a carne e o espírito. Estamos sempre à procura de algo mais, e é perfeitamente normal que assim seja. Amém.
Porém, no afã de atendermos os desejos de nossa alma, que clama por fazer isso ou aquilo, a venda, a compra, o conserto, a viagem, o passeio, nós nos deparamos com o outro, que é mais eficiente, mais produtivo, mais malandro, mais proativo, mais carnal, mais espiritual, e isso sempre nos induz a um conceito sobre o outro: este eu aceito e é meu amigo. Este não é confiável e é melhor manter distância. Este está me incomodando e é melhor tirá-lo de meu caminho. Este eu vou ajudar, porque merece. Este outro vou cozinhar em banho maria, porque é o melhor por ora. Este eu amo. Este eu odeio.
A diferença entre amar e odiar está na intolerância sobre a conduta do outro. Sobre o modo de ser e se comportar do outro. E, na atualidade, temos a possibilidade de, em questão de horas, estarmos a milhares de quilômetros de distância, portanto, em contato com culturas, hábitos, religiões, seitas e rituais completamente diversos. Às vezes, tão diferentes do que estamos acostumados, que nos choca sobremaneira.
O diferente normalmente nos assusta, ou no mínimo nos incomoda, porque nos tira de nossa zona de conforto. Eu avaliarei se, entre as duas situações, precisarei mudar ou não, entretanto, a mudança é sempre, em princípio, desconfortável.
Mas apenas as mudanças são as responsáveis pelas melhorias (ou pioras) em cada um de nós como pessoas, e quer queira ou não, estamos sempre em constante mudança. Por isso, para mudar, eu preciso estar muito antenado, muito ligado em tudo que está a minha volta. Preciso mudar para melhor, crescer aos olhos de todos que me cercam, e algo que bloqueia enormemente este processo é a intolerância.
Intolerância de raças, intolerância de classes, intolerância de sexo, intolerância qualquer que seja, é sempre um sentimento ruim e que precisa ser eliminado.
A intolerância de raças foi a responsável por muitas milhões de mortes e nunca levou a nada útil. Lembro Gianfrancesco Guarnieri, que escreveu, a respeito da morte de Vladimir Herzog: “Diante de um homem morto todos precisam se definir. Ninguém pode permanecer indiferente. A morte de um amigo é a de todos nós. Sobretudo quando é o Velho que assassina o Novo.” Guarnieri se referia ao velho regime (ditatorial na época) matando o novo (um jornalista de origem croata, que exercia seu trabalho e apenas defendia suas ideologias).
A intolerância de classes, para mim, é de uma burrice ímpar. A razão é simples: nada nos pertence de fato: tudo que possuímos é nosso por enquanto, e a vida é muito efêmera. Pare para pensar e veja se não é assim.
A intolerância de sexos é algo constrangedor e difícil como nunca em outros tempos. Como cristão temente a Deus, considero maravilhosa a harmonia homem e mulher, e desconheço prazer igual no campo físico, entretanto, quem sou eu para não tolerar quem pensa diferente? Quem faz diferente? Cada um é livre e cada um arca com as consequências de suas condutas. Deus sempre perdoa nossos erros quando nos arrependemos realmente, mas a consequência de nossos erros, o nosso corpo físico pagará. E o preço pode ser bem salgado.
Para finalizar: Eu sou pó sem Deus. Como posso ser intolerante, então?
E nunca endureça seu coração, para um irmão necessitado. Supra suas necessidades básicas e aproveite para ler Deuteronômio capítulo 15, versículos 7 a 11.
Com carinho,
João Antonio Pagliosa