03 / 01 / 13

GRAMADOZOO & OS PINGUINS-DE-MAGALHÃES

GRAMADOZOO REGISTRA NASCIMENTO DE DOIS PINGUINS-DE-MAGALHÃES
Vitória na luta pela conservação

 
O nascimento de dois filhotes de pinguim-de-magalhães é motivo de orgulho para a equipe técnica do Gramadozoo. Além de ser um fato é inédito em zoológicos do Brasil, o nascimento duplo premia o trabalho dedicado de manejo da espécie no zoológico e a luta de um casal de pinguins que foi vítima de um derramento de óleo e sobreviveu para gerar novas vidas. Segundo o veterinário Renan Stadler, macho e fêmea trabalharam ininterruptamente em sistema de rodízio para chocar os dois ovos, que foram colocados em 19 de novembro. O primeiro filhote nasceu na madrugada de 26 de dezembro e o segundo em 29 de dezembro. “Os dois foram incansáveis e, apesar de serem pais de primeira viagem, fizeram tudo certinho. Tomaram todos os cuidados”, afirma Stadler, emocionado. “O normal é nascer apenas um filhote, mas os dois estão crescendo saudáveis”, completa.
HISTÓRIA DE AMOR E SUPERAÇÃO

Vítimas de um derramamento de óleo em Santa Catarina, os pinguins foram trazidos para Gramado em junho de 2009. Atualmente, oito animais adultos da espécie vivem no parque. De acordo com a técnica em veterinária Christina Capalbo, as aves foram mantidas em cativeiro porque não teriam condições de sobreviver em vida livre. O pai é cego de um olho e a fêmea apresentou problemas respiratórios. “Em vida livre, eles não resistiriam. O nascimento demonstra que os animais estão bem adaptados ao manejo e ao cativeiro”, conta Christina. Conforme ela, pinguins são animais extremamente fieis. “Quando a fêmea ficou doente em 2011, o macho regurgitava a comida para dar para ela. O normal é o bando expulsar do grupo em caso de doença, mas ele cuidou dela”, recorda a técnica em veterinária. Para tratar da doença, a fêmea foi afastada do bando. Christina observa que a ave ficou três meses internada no hospital veterinário do zoo. “Os pinguins vivem em grandes colônias. No tempo em que ela ficou internada, o casal ficou abatido. Colocamos um espelho para a fêmea sentir menos solidão”, lembra. De acordo com Christina, o casal começou a copular no início da primavera. O primeiro nascimento foi registrado aos 38 dias e o segundo aos 41. “O comportamento dos pais indicava o nascimento. São poucos os profissionais que têm a possibilidade de acompanhar a reprodução dupla. O momento é de imensa alegria para toda a nossa equipe”, conclui.

Espécie bandeira na conscientização e preservação

 

O nascimento em cativeiro vai servir como estímulo para a conscientização da população. Segundo a bióloga Tatiane Takahashi Nunes, que coordena o setor de educação ambiental do Gramadozoo, o pinguim-de-magalhães será utilizado como espécie bandeira na luta pela preservação. “Queremos sensibilizar crianças e adultos para a importância de manter as praias limpas. Os derramamentos de óleo e a sujeira jogada na água são os maiores responsáveis pelas mortes de animais marinhos”, diz Tatiane. Conforme ela, o pinguim-de-magalhães é um dos animais mais carismáticos do zoo. “O pinguim desperta muita curiosidade dos grupos escolares e dos visitantes em geral. Muitos não sabem que a espécie é da fauna brasileira. Em função do rigor do inverno da Patagônia, as aves migram anualmente em busca de águas mais quentes na costa brasileira”, afirma.

SAIBA MAIS


– Espécies: existem 18 espécies conhecidas de pinguins. Existem registros de quatro espécies que usam nosso litoral durante a migração invernal: pinguim-rei (Aptenodytes patagonicus), pinguim-de-penacho-amarelo (Eudyptes chrysocome), pinguim-de-testa-amarela (Eudyptes chrysolophus) e pinguim-de-magalhães (Sphe-niscus magellanicus). O mais comum é o pinguim-de-magalhães, que recebeu esse nome porque o navegador Fernão de Magalhães foi o primeiro que os avistou em 1519 nas Ilhas Malvinas.
– Fatores de risco: o derramamento de óleo é um dos principais fatores de risco para os pinguins e uma grande porcentagem atingida é de animais jovens. Os pinguins contaminados por petróleo acabam encalhando em praias e geralmente são levados a centros de reabilitação de fauna marinha que existem no país. Para que tenham êxito na recuperação, é necessário que combatam os efeitos primários do óleo que são: estresse, hipotermia, desidratação, irritação e hemorragias gastrointestinais.
– Ameaçados: segundo apontamento da WWF de 2010, o pinguim-de-magalhães é o quarto animal mais ameaçado de extinção em todo Planeta. Fica na frente, inclusive, do urso panda, que está em décimo. O urso-polar lidera o triste ranking Em função da poluição dos mares, a estimativa é de que morram 150 mil aves da espécie a cada ano.
– Expectativa média de vida: em cativeiro, 20 anos
– Idade reprodutiva: entre 4 e 7 anos
– Curiosidades sobre reprodução: se reproduzem de setembro a março em colônias numerosas distribuídas pela Argentina, Ilhas Falkland (Malvinas) e Chile, realizando anualmente movimentos migratórios sazonais para o Brasil. São animais monogâmicos (um casal por toda vida). Botam dois ovos e a incubação é de 38 a 42 dias. É comum apenas um ovo chocar. Os ninhos são feitos em tocas. O pai e a mãe chocam e cuidam dos filhotes, quando a mãe sai para caçar volta e alimenta o macho, quando já estão com filhotes alimenta os filhotes e o pai, quando o pai sai para caçar é feito o mesmo ritual. Como se reproduzem em colônias numerosas se localizam pela vocalização. Cada pinguim tem uma vocalização diferente. Cada um tem seu “timbre de voz”.  Os filhotes saem do ninho com 70 dias e vão para o mar.

– Rota migratória: no inverno se deslocam para a costa brasileira, procurando correntes de águas mais quentes e mais oferta de alimentos, podendo ser avistados na costa da Bahia, Alagoas e Pernambuco. Os pinguins adultos migram para o Brasil de meados de setembro a meados de abril. Os pinguins mais jovens migram mais tarde, entre junho e novembro, podem ficar vagando durante até quatro anos em alto mar.

Jeff Severino - Florianópolis/SC

Viagens & TurismoJornalista/fotógrafo, diplomado pela Universidade do Sul de Santa Catarina - Unisul - Campus Pedra Branca - Diretor de Comunicação da Associação Catarinense de Colunistas Sociais, Relações Públicas da ABIME - Associação Brasileira de Mídia Eletrônica, Diretor de Comunicação da ABRAJET-SC, Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo, editor de um portal e de um blog, além de membro da FEBRACOS - Federação Brasileira de Colunistas Sociais e FENAJ - Federação Nacional de Jornalistas. Sou colaborador/colunista de diversas revistas e jornais de circulação nacional, começando pela Revista Evidência Cosmopolita em Maceió à Revista OQ em Joinville - SC.

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