A sapiência
Por *Luiz Dalfoe
Hoje, no aeroporto de Maceió, vi um moço bonito na fila de embarque, as pessoas se aproximavam dele para abraçá-lo e pedir selfies.
Logo emerge do meu pensamento preconceituoso construído pela cultura que sou imergido:
“deve ser jogador de futebol”.
Os elementos que nutriram esse pensamento foram: alto, forte, pele preta, e um amigo baixinho com um abrigo do Flamengo.
O moço continuou muito simpático, tirando selfies com os funcionários do aeroporto, notei que a maioria era das lanchonetes do 1º andar.
Na fila o vi de perto, bonito mesmo, cabeça raspada e seus olhos moldurados por fartos e longos cílios. Meu pensamento continuou preconceituoso:
“Artista da Globo, certeza, deve ser Malhação”.
A fila anda e a celebridade (desconhecida pra mim) após outras selfies, agora com passageiros da fila, se encosta na parede com o lombo e um pé, daquele jeito que faz o maléolo medial do pé de apoio atrair a ponta de algum coturno militar, e lá veio ele de novo, o pensamento:
“Cantor de pagode”.
Embarquei e escrevi essa nota, o Wi-Fi da gol é um fiasco, usei o bloco de notas para depois postar em uma rede social e descobrir quem será o famoso, além de convidar a todos para refletirmos sobre o preconceito e a vida em sociedade.
Aeroporto Zumbi dos Palmares 16/04/18.
*Luiz Dalfoe é pensador, militante virtual e cidadão do mundo.