O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2020 será positivo, resultado da parábola do Vidraça Quebrada
Vamos conhecer a parábola para entender o porquê o PIB brasileiro será positivo em 2020
Luiz Carlos Barnabé de Almeida {*}
Na ciência econômica há uma parábola que deu origem a um fundamento da teoria econômica, que fez parte da obra do economista e jornalista francês Claude Frédéric Bastiat, com o nome original: Ce qu’on voit et ce qu’on ne voit pas – O que se vê e o que não se vê (1850).
Bastiat demonstra na parábola que a destruição não cria riqueza[1], ou seja, não aumenta o Produto Interno Bruto (PIB). Importante lembrar que no seu tempo, a moeda de todos os países tinha o lastro ouro.
Vamos conhecer a parábola para entender o porquê o PIB brasileiro será positivo em 2020.
[Extraído do primeiro capítulo do livro Frédéric Bastiat, do ensaio O que se vê e o que não se vê]
” Será que alguém presenciou o ataque de raiva que acometeu ao bom burguês Jacques Bonhomme, quando seu terrível filho quebrou uma vidraça? Quem assistiu a esse espetáculo seguramente constatou que todos os presentes, e eram para mais de trinta, foram unânimes em prestar solidariedade ao infeliz proprietário da vidraça quebrada: Há males que vêm para o bem. São acidentes desse tipo que ajudam a indústria a progredir. É preciso que todos possam ganhar a vida. O que seria dos vidraceiros, se os vidros nunca se quebrassem?
Supondo-se que seja necessário gastar seis francos para reparar os danos feitos, pode-se dizer, com toda justeza, e estou de acordo com isso, que o incidente faz chegar seis francos à indústria de vidros, ocasionando o seu desenvolvimento na proporção de seis francos. O vidraceiro virá, fará o seu serviço, ganhará seis francos, esfregará as mãos de contente e abençoará no fundo de seu coração o garotão levado que quebrou a vidraça. É o que se vê.
Mas se, por dedução, chegamos à conclusão, como pode acontecer, de que é bom que se quebrem vidraças, de que isto faz o dinheiro circular, de que daí resulta um efeito propulsor do desenvolvimento da indústria em geral, então eu serei obrigado a exclamar: Alto lá! Essa teoria para naquilo que se vê, mas não leva em consideração aquilo que não se vê.
Não se vê que, se o nosso burguês gastou seis francos numa determinada coisa, não vai poder gastá-los noutra! Não se vê que, se ele não tivesse nenhuma vidraça para substituir, ele teria trocado, por exemplo, seus sapatos velhos ou posto um livro a mais em sua biblioteca. Enfim, ele teria aplicado seus seis francos em alguma outra coisa que, agora, não poderá mais comprar.
Se a vidraça não tivesse sido quebrada, a fabricação de sapatos (ou de qualquer outra coisa) teria sido estimulada na proporção de seis francos; é o que não se vê.
Na primeira hipótese, a da vidraça quebrada, ele gasta seis francos e tem, nada mais nada menos que antes o prazer de possuir uma vidraça.
Na segunda hipótese, aquela na qual o incidente não ocorreu, ele teria gastado seis francos em sapatos e teria tido ao mesmo tempo o prazer de possuir um par de sapatos e uma vidraça”.
Esta parábola é verdadeira quando as moedas eram lastreadas, portanto elas eram limitadas ao seu lastro, logo os seis francos, da parábola eram só seis francos.
Neste período, os Estados não podiam emitir moedas se não tivessem o lastro ouro, logo, obrigavam as pessoas e os governos a fazerem escolhas limitadas com seu dinheiro.
Nesta parábola, ou consertava a janela se tivesse quebrada ou comprava o sapato, porque a moeda em circulação eram seis francos, nem mais nem menos. Logo se não quebrasse o vidro da janela, a riqueza da sociedade seria a janela e o sapato, que juntos somariam 12 francos, representando o valor da Riqueza do país. Com o vidro quebrado o valor da Riqueza seria de 6 francos. Nos dois casos, neste ano, a produção do país seria de 6 francos, pois só um novo bem econômico seria produzido neste ano[2].
Para produzir um bem ou serviço é necessário que haja “investimento” e para tal tem que ter dinheiro sobrando, que os economistas chamam de poupança real. Quando não existia esta poupança, não era possível aumentar a produção interna bruta (PIB) do país, pois o dinheiro tinha o lastro ouro.
Com o fim do lastro das moedas, o problema ficou resolvido, com ou sem poupança real, o Estado aumenta a “liquidez do sistema econômico”[3] (dinheiro), sobrando para o investimento para a produção de bens e serviços, aumentando o PIB.
Os empresários terão “recursos” (dinheiro) e não terão receio de investir, pois com a emissão de moeda e outras medidas tomadas pelos Governos para aumentar também o “poder de compra” (dinheiro), suas empresas irão vender tudo que produzirem, e este fato irá indicar o aumento do Produto Interno Bruto de (PIB) de cada país.
Oportuno lembrar que no Brasil, a emissão de moeda é definida pela CF/88 Art. 21 Compete à União: VII – emitir moeda. Como todas as outras moedas, o real também não tem lastro ouro.
O coronavírus (COVID-19) é a pedra da “vidraça quebrada”, logo, todos os países do planeta através dos seus Bancos Centrais irão aumentar em muito a liquidez, vai sobrar muito dinheiro no mundo, principalmente a moeda mais poderosa: o dólar.
Este transbordar de liquidez internacional fará com que o Produto Interno Bruto Mundial (PIBM) aumente, e o Brasil será um dos grandes beneficiados.
Internamente, o Brasil está fazendo a lição de casa, distribuindo dinheiro para o consumidor (demanda) e para os empresários (oferta). Já estamos aumentando o PIB brasileiro construindo hospitais, fabricando muitos produtos para saúde, o setor agrícola produzirá uma das maiores safras da história para o nosso consumo interno abundante e para a exportação, muitos novos empreendimentos que irão gerar muitos novos empregos.
Com muita liquidez nacional e internacional, favorecerá o retorno, a implantação e ampliação de empresas, o que já está acontecendo ou estão no prelo para acontecer ainda este ano. O que “não se vê” a capacidade ociosa de mais de 70% das empresas, que podem voltar a produzir em menos de 48 horas. Basta observar na internet a quantidade de empresas que recrutam capital humano.
Como disse Claude Frédéric Bastiat (1850): Ce qu’on voit et ce qu’on ne voit pas – O que se vê e o que não se vê.
Existem muitos estudos sérios, um deles, apresentado pelo Professor Dr. Paulo Rabello, que indica três cenários de PIB. A maioria dos economistas afirmam que o PIB será zero ou negativo, até o próprio Governo do Presidente Jair Bolsonaro. Em contrapartida temos economistas que em suas pesquisas indicam também um aumento do PIB do Brasil em 2020, como o do competente economista e Presidente do Conselho Regional de Economia de Alagoas o economista Marcos Calheiros.
Mas todos os estudos não consideraram a “vidraça quebrada”, e a quantidade de liquidez distribuída por todos os Bancos Centrais de todos os países do planeta. Este transbordar de liquidez mundial, levará a um crescimento econômico, para depois ocorrer a correção natural da Recessão “tema para outro artigo”, mas até lá todos os Presidentes estarão reeleitos, principalmente os dos Estados Unidos e do Brasil.
Quem viver, verá!
[1] riqueza é o significado de bens econômicos.
[2] Se toda a produção do país fosse o vidro ou sapato o PIB seria de 6 francos.
[3] liquidez do sistema econômico que é representada pela soma algébrica das posições de liquidez dos indivíduos, empresas privadas, instituições financeiras e governamentais
{*} Professor Barnabé, economista, administrador e jornalista. Palestrante. Divulgador da Escola Austríaca
Roberto Tambelini
4 de abril de 2020 em 18:03Considero positiva e confiável a projeção da estimativa apresentada, com base nos princípios econômicos invocados, que trarão um resultado favorável ao nosso país após a crise.
Cecilia Stama
8 de abril de 2020 em 09:50Também vejo esse grande aumento de liquidez mundial .
toca
12 de setembro de 2020 em 00:12muito bom