Professor da UERJ e Cofundador do O.C.I. dá Entrevista Exclusiva
Cofundador do O.C.I. Fala de vários temas relevantes em tempos de pandemia
Manoel Marcondes Neto
Manoel Marcondes Neto é Pós-doutor em Cultura pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Professor associado da Faculdade de Administração e Finanças da Universidade Estadual do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Cofundador do Observatório da Comunicação Institucional.
No intuito de dar solidez às marcas e estabelecer uma comunicação una e compreensiva entre organizações, imprensa e sociedade, privilegiando sempre o cidadão – que merece uma informação de caráter institucional honesta, íntegra, e que não o induza a erros de julgamento, o Professor deu uma entrevista com exclusividade falando sobre vários temas.
Observatório da Comunicação Institucional
No início de sua exposição, Marcondes Neto destacou a importância da criação e da oportunidade de existência de um espaço para reflexão sobre as práticas da comunicação em nosso país e em toda a comunidade lusófona – onde o problema de distinção entre uma comunicação institucional e uma comunicação mercadológica se avulta.
Para o Professor e Cofundador do O.C.I. , o jornalismo, a propaganda e as relações públicas trazidos a um debate permanente sobre melhores práticas. As causas que o O.C.I. (uma sociedade educativa sem fins lucrativos) advoga exprimem nossa missão: Transparência Ativa, Comunicação Pública, Jornalismo Responsável, Propaganda com Ética e Educomunicação para a Cidadania. E o nosso lema instiga: ‘muito além do discurso’, explicou Marcondes Neto.
Da função do O.C.I. em relação às empresas públicas e privadas
De acordo com o professor, o objeto do O.C.I. é a governança e nosso alvo é o indivíduo em seu meio de exercício intelectual e profissional. Assim, com nossas atividades, pretendemos auxiliar pessoas no exercício e desenvolvimento de suas atividades, seja no meio público, no meio privado, ou no Terceiro Setor. Nosso ‘slogan’ remete à nossa visão: ‘organizações melhores: mundo melhor’.
Eleições em meio à pandemia no Brasil
Na avaliação do professor, a questão eleitoral sempre foi um dos objetos de estudo no O.C.I. Desde o pleito de 2014 vimos fazendo avaliação do discurso institucional de partidos e de coligações eleitorais no país. Neste ano, momento de eleições municipais, não será diferente – apesar da pandemia de Covid-19.
Perspectivas do O.C.I. em meio à pandemia
Para Marcondes Neto, enquanto organização, foi perdida a chance das ‘Jornadas O.C.I.’, “que são eventos presenciais que são realizados nos vários estados do Brasil. Contudo, segundo o Professor como um portal – a principal ‘janela’ para o mundo – nunca parou e, pelo contrário, até cresceram em número de colaboradores”.
O O.C.I. e as plataformas digitais
Segundo o Professor, o Observatório da Comunicação Institucional nasceu – em 2013. O Professor ressalta que, o portal, é atualizado diariamente, e tem conseguido manter boa presença, sempre a partir do trabalho de voluntários, nas redes sociais como: Facebook, LinkedIn, Instagram, Twitter e YouTube.
Das aulas nas faculdades em meio à pandemia
Conforme o professor as aulas têm se dado de maneira Remota. De acordo com Marcondes Neto, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), onde ele leciona, criou um ambiente virtual para aprendizagem que está funcionando bastante bem. Não é a mesma coisa do ensino presencial, mas é o que temos que fazer diante da atual contingência.
Fake news
Para o professor, desde 2017 ele vem debatendo o tema. Segundo Marcondes Neto, naquele ano, em que ‘fake news’ ocuparam o espaço do debate (para não mais sair, aliás), duas jornalistas que vieram a fazer parte do O.C.I. propuseram a discussão.
De acordo com Marcondes Neto, enquanto ONG, o O.C.I. realizou uma assembleia e decidiu, então, adotar duas novas causas; o Jornalismo Responsável e a Propaganda com Ética, justamente porque o novo fenômeno abala ambas as atividades, ambos os setores.
Segundo Marcondes Neto, em uma primeira aproximação, o foco deve ser dirigido à mídia profissional. Foi a ela que Donald Trump se referiu em 2016, ainda em campanha, atribuindo o jargão ‘fake news’. Como ex-anunciante, ele sabe do que trata.
Na avaliação do Professor, o problema, no Brasil, é que os holofotes se voltaram a blogueiros e particulares – indivíduos e grupos – atribuindo a boatos e maledicência o rótulo ‘fake news’; algo que, substancialmente, nem ‘news’ constituem.
Marcondes Neto ressalta que impressiona o nível de desconhecimento do assunto entre os membros do Poder Judiciário e membros da CPMI especialmente aberta no Congresso Nacional, onde não se pode afirmar quem desconhece mais a matéria – se os inquiridos ou os que inquirem.
O que pensa sobre ‘fake news’
Marcondes Neto destaca que o fenômeno das “fake news” precisa ser mais estudado e, como má prática, ou crime, precisa ser tipificado. Mas, vamos lá, tentativamente. Uma pessoa particular escrevendo sandices – com mais ou menos criatividade, com mais ou menos verossimilhança a fatos – e compartilhando-as com seus relacionados, em minha opinião, não pode ser considerado ‘fake news’. O mesmo acontece com alguém que, desavisadamente ou não, repassa mensagens adiante – mesmo que contenham inverdades sobre fatos ou terceiros. Particulares não têm o condão de emitir ‘news’.
Para o Professor quando se trata da mídia profissional e de profissionais da mídia, o ideal seria um código de autorregulamentação – como existe na propaganda (o CONAR). Os veículos de imprensa começaram a fazer isso no início do fenômeno, mas depois terceirizaram a função a colegas de fora da Redação – os quais divisaram um novo ramo lucrativo de atividade: o ‘fact checking’. Como um negócio, o ‘fact checking’ perde credibilidade, por motivos óbvios. E voltamos à estaca zero.
Na avaliação do Professor o tema é algo que tem sido pouco debatido é o fenômeno de ‘monetização’ das redes sociais e seu uso para fins político-eleitorais. Termos como ‘impulsionamento’ e ‘posts turbinados’ – estranhos à atividade publicitária regulamentar – foram introduzidos sem regulação, num modelo intitulado ‘mídia programática’ – território onde tudo pode acontecer, randomicamente, inclusive crimes em geral. E crimes eleitorais, em particular. O escândalo da Cambridge Analytica (LINK), que atingiu o Facebook em cheio, é exemplar.
Caminhos para o combate às ‘fake news’
Na opinião do Professor, no processo político-eleitoral brasileiro só há um modo de minimizar a propagação de ‘fake news’: tirar ‘do ar’ o WhatsApp e similares durante os 45 dias de campanha.
O jornalista dentro da atual conjuntura de pandemia no tocante a desinformação
Marcondes Neto
30 de setembro de 2020 em 23:31Oportunidade única esta entrevista a João Costa, jornalista que admiro há muito tempo.
João Costa
1 de outubro de 2020 em 17:11A gratidão é toda minha prezado, Professor, Manoel Marcondes Neto!! A admiração é de muito tempo e recíproca em relação a vossa pessoa. Ter entrevistado o senhor foi uma experiência única, pois permitiu-me crescer ainda mais enquanto profissional! Sem falar que propiciou-me difundir “boas novas” com relação ao segmento de comunicação e sobre o Observatório da Comunicação Institucional (O.C.I.).