Inclusão Parte 1
O dia a dia de famílias que tem pessoas com deficiência
A primeira vez que tive aluno que era uma Pessoa com Deficiência (PDC) foi há mais de 10 anos quando era coordenador de um projeto social. A história era a seguinte: uma família tinha três filhos adotivos, dois meninos e uma menina, num município do interior de Alagoas. É importante ressaltar que as três crianças eram deficientes, em algum nível, e iriam ser abandonadas por suas famílias de origem quando esta família decidiu adotá-las. O mais velho tinha uma deficiência física, o do meio tinha deficiência intelectual e transtorno de comportamento, a mais nova era filha biológica de uma usuária de drogas que desenvolveu problemas psicológicos. Eu não tinha ouvido falar nada de inclusão ou coisas do tipo, mas tinha a intenção de que os alunos participantes do projeto social fossem uma grande família.
Um certo dia na aula, o irmão do meio, que era bastante agressivo, estava querendo brigar com outro aluno e quando nos aproximamos para ver o que tinha acontecido, o vimos com a blusa suja de lama. Ele jurava que o colega o derrubara de propósito, porém todos que presenciaram o acontecido, disseram que foi um acidente quando eles estavam brincando de pega. O irmão mais velho prontamente tirou a camisa e deu ao menor, pois ele estava com medo de que o irmão fosse suspenso das atividades, era a regra para quem brigasse na aula. Foi um gesto genuíno de amor e carinho, provava que o que os unia era muito forte, que eles eram verdadeiramente uma família.
Algum tempo atrás vi em um Instagram, voltado para mães que tem filhos que estão no espectro do autismo (TEA), que uma mãe num ato extremo de desespero atentou contra a própria vida. Isso só mostra o quanto estamos distantes de dar apoio e suporte para essas famílias que lutam para que seus filhos tenham acesso a coisas, que deveriam ser básicas, como uma alfabetização adequada a seus filhos.
Vocês não estão sozinhas. A cada olhar de julgamento numa crise de seus filhos, lembrem de iniciativas como Atípic (busquem no Instagram) que é uma roda de apoio a pais, mães e cuidadores de crianças que estão no espectro autista e demais transtornos mentais. Lá vocês encontrarão um ambiente seguro para que possam estar acolhidas e abraçadas por pessoas que vivem as mesmas dores e dificuldades de vocês.
Famílias, vocês não estão sozinhas!