INCLUSÃO PARTE 2
Um retrato da adoção no Brasil
Queria fazer um ‘mea culpa’ com você, meu querido leitor. Quando introduzi a família do texto passado eu omiti alguns fatos que, após refletir, julgo serem relevantes para a total compreensão da história e o quanto realmente aprendi com ela.
A família em questão era formada por um casal homossexual de duas mulheres. Não preciso aqui salientar o quanto aquela família era unida, pois já o fiz no texto passado. Essa família no interior de Alagoas, há muitos anos, passou por diversas dificuldades e o começo disso era a aceitação por parte da comunidade. Elas escolheram adotar crianças que estavam sendo rejeitadas por sua família de origem, assim como elas mesmas haviam experimentado até se estabelecerem, e somente lhe deram todo amor e dedicação necessários para que elas pudessem crescer sentindo que pertenciam a uma família. Existem muitas posições contrárias sobre a adoção por casais homossexuais e não estou aqui legitimando ou deslegitimando nenhuma opinião, apenas relatando uma experiência.
No Brasil existem, atualmente, quase 9 mil crianças que podem ser adotadas e 40 mil adotantes, esses são dados oficiais. Uma primeira olhada nos faz pensar que a adoção é uma situação sob controle no Brasil, mas não é exatamente assim…
A preferência na adoção é por crianças abaixo de dois anos, quando essa criança atinge de mais de cinco anos a possibilidade de adoção diminui e, quanto mais próximo da pré-adolescência ela chega, as possibilidades são extremamente baixas. Isso faz com que algumas crianças entrem e passem a vida inteira dentro do sistema de adoção. Acho que isso é um assunto que deveríamos discutir um pouco mais e chegarmos a uma definição como sociedade.
O que posso afirmar é que depois dessa experiência, elas me convenceram que para uma criança o mais importante é pertencer a um lar onde se tenham amor, respeito e cuidado.