Energia Populista
Populismo energético mais recente é o da “Taxação do Sol”
“É um erro popular muito comum acreditar que aqueles que fazem mais barulho a
lamentarem-se a favor do público, sejam os mais preocupados com o seu bem-estar.”
Energia Populista
A característica básica do populismo é o contato direto, institucionalizado ou por meio midiático, quando uma liderança usa um verniz de verdade com as massas para fazer valer seu interesse através de um vínculo emocional com o “povo”, porque lhe dá poder político ou econômico. Tempos modernos em que celular aceita tudo, estamos a cada dia com tantos especialistas em energia quanto são os torcedores entendidos de futebol. Com o passar do tempo, o racional termina superando o emocional porque a informação consistente faz o povo refletir e decidir o que é melhor para ele. Nosso foco agora é o populismo energético.
Um desses populismos é a “Energia Limpa”. Na Guerra Fria a tecnologia que impulsionava os negócios era a corrida espacial. Com a queda do Muro de Berlim criou-se um vácuo tecnológico e, para ocupa-lo, um grupo de cientistas desenvolveu a tese do aquecimento global e o desenvolvimento de fontes renováveis de energia como uma das estratégias para combate-lo. Hidráulica, biomassa, biogás, resíduos sólidos são renováveis, mas os grandes players mundiais só falam em eólica e solar porque são os detentores dessas tecnologias. Inicialmente chamadas de “alternativas”, passaram a ser “complementares”, porque não temos nem ventos nem sol para gerar energia ininterrupta, razão pela qual já se trabalha a tese do armazenamento. Os números citados de instalação de fontes renováveis no mundo são fantásticos, mas as emissões de gases de efeito estufa continuam aumentando.
O marketing da “energia limpa” é pesado e o racional é dizer que fontes eólica e solar são energias “menos sujas”, porque são limpas apenas na sua operação. Não existe produção de energia totalmente limpa se considerarmos o ciclo completo da conservação de energia (retirada da matéria-prima da natureza, deslocamento para a indústria, processo de produção dos equipamentos, transporte para os pontos de instalação, operação, manutenção e o descarte depois da vida útil). Levando em conta essa visão mais ampla, as fontes nuclear e hidráulica produzem menos kg de CO2 equivalente/kWh gerado do que qualquer outra fonte. A logística reversa daqui a pouco passa a ser um problema ambiental porque, no caso da solar, os inversores estão chegando perto dos 10 anos de sua vida útil e depois de 25 anos vão ser os painéis fotovoltaicos. No Brasil, já foram mapeadas 500 toneladas para a reciclagem e pelas projeções de mercado até 2035 nosso potencial futuro é de 500 mil toneladas, caracterizando-se um novo negócio para os investidores de visão.
Populismo energético mais recente é o da “Taxação do Sol”. Para incentivar a criação do “prosumidor”, (aquele que produz sua própria energia e compensa com o que consome da rede de distribuição), a Resolução Normativa ANEEL 482/2012 abriu espaço na regulação para a chamada GD (geração distribuída). Esse conceito na realidade já existia, mas agora, erroneamente, parece que se trata apenas da fonte solar, talvez por ser a mais fácil de instalar e hoje representa 95% da GD no Brasil. A “Taxação do Sol” é o último estágio de uma discussão séria sobre geração distribuída e seu custo-benefício, uma questão de velocidade, tempo e transferência de tecnologia que envolve bilhões em renúncia fiscal e subsídios que são bancados pelos consumidores “sem painel”. A manipulação da falta de conhecimento da população e a sua ampliação com meias verdades plantadas por todos os interesses envolvidos, fez o debate técnico regulatório ser politizado, chegou ao Congresso Nacional e até o Presidente da República chegou a dizer que demitiria quem, no Governo, falasse em taxar o sol. Vamos voltar para a racionalidade técnica, porque nossa matriz elétrica tem 83% de renováveis e é exemplo para o mundo, modelo que deveríamos exportar.
Energia Populista por Geoberto Espírito Santo
GES Consultoria, Engenharia e Serviço