05 / 06 / 21

ALGUMA CHANCE?

Para chegarem à emissão zero de carbono um veículo é o hidrogênio

 

Alguma Chance?

Alguma Chance?

O conceito net zero engatinha, mas já impulsiona mudanças públicas. Estudo da Energy and Climate Intelligence Unit com a Oxford Net Zero mostrou que 61% dos países, 9% das regiões dos maiores países emissores e 13% das cidades com mais de 500 mil habitantes já definiram suas metas de emissão zero. Mas especialistas estão preocupados com a falta de transparência de como vão usar as compensações das emissões para atingir os seus objetivos e fazem um alerta para o greenwashing, o descasamento entre o discurso verde e as práticas.

Para chegarem à emissão zero de carbono um veículo é o hidrogênio. Elemento químico mais abundante no universo, 3 vezes mais poderoso que a gasolina, mas tem um grande problema: a inflamabilidade, que torna o transporte e a estocagem caros e perigosos. Só é liquefeito em temperaturas criogênicas, inferiores a – 240 °C, e começou a ser produzido com fontes renováveis de energia, com um eletrolisador usando a corrente elétrica para dividir a água em hidrogênio e oxigênio. Está sendo chamado de hidrogênio verde, 100% sustentável, mas de 2 a 3 vezes mais caro que o hidrogênio tradicional por causa do custo da grande quantidade de energia no processo. A Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) aposta que até 2030, o hidrogênio verde vai ficar competitivo em relação ao hidrogênio azul.

          O Brasil pode ser um beneficiário do preço da eletricidade renovável, sua matriz energética é uma das mais renováveis do mundo, podendo tornar-se uma potência na produção e exportação do combustível. Em nosso país já existem iniciativas. Com R$ 42,28 milhões do P & D da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), Furnas Centrais Elétricas iniciou a produção de hidrogênio verde, combinando a água do reservatório de Itumbiara com uma usina solar fotovoltaica de 1 MWp, sendo que 800 kWp em terra e 200 kWp flutuante. A Fortescue Future Industries e a Porto de Açu Operações assinaram um Memorando de Entendimentos para o desenvolvimento de projetos industriais baseados no hidrogênio verde. Seria instalada uma planta de 300 MW de hidrogênio verde no Porto de Açu (RJ) para produção de 250 mil toneladas de amônia verde/ano, usando projetos de energia solar que vão ser desenvolvidos no local e a energia eólica offshore na costa do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. A Thyssenkrupp publicou seu Plano Nacional de Hidrogênio, suas oportunidades no Brasil com a importação de plantas de energia verde para alimentar eletrolisadores que transformem a energia em vários produtos. A Eletrobras, o CEPEL e a Siemens Energy, firmaram acordo para o domínio do ciclo tecnológico completo do hidrogênio verde. O Complexo Industrial e Portuário do Pecém, no Ceará, identificou uma área propícia para a produção de hidrogênio com uma capacidade de 5 GW para produzir 900 mil toneladas de H2V/ano. A unidade de eletrólise ficará no Porto de Pecém e será aproveitada a geração solar e eólica onshore e offshore. O Governo do Ceará pretende transformar a região em um hub de exportação de combustível.

Alagoas é o único estado do Nordeste que não tem usina eólica ou solar fornecendo eletricidade, nem para o mercado regulado, nem para o mercado livre. Não temos vento, nem radiação solar? O que está faltando? Planejamento? Incentivos governamentais? Incentivos fiscais? Infraestrutura? Logística? Investidores? Marco Regulatório? Segurança jurídica? São exageradas as exigências para o licenciamento ambiental? A nova fronteira de desenvolvimento tecnológico da energia são as eólicas offshore, quando fabricantes mundiais de aerogeradores estão em parceria com os maiores produtores de petróleo e gás para gerar energia de fonte renovável no mar. Será que temos alguma chance de ter um hub de hidrogênio verde?

Alguma chance?
por Geoberto Espírito Santo
GES Consultoria, Engenharia e Serviços  

Geoberto Espírito Santo

SinergiaGeoberto Espírito Santo é Engenheiro Civil, formado em 1971 pela Universidade Federal de Alagoas. Atualmente é Consultor do SINDENERGIA – Sindicato das Indústrias de Energia do Estado de Alagoas e Personal Energy da GES Consultoria, Engenharia e Serviços – GES Consult ATIVIDADES QUE EXERCEU: - Engenheiro da Companhia Energética de Alagoas (CEAL), por 28 anos - Diretor de Operação da Companhia de Eletricidade de Alagoas - CEAL - Secretário de Administração da Prefeitura Municipal de Maceió - Assessor de Coordenação e Planejamento da Empresa de Recursos Naturais do Estado de Alagoas - EDRN - Chefe de Gabinete da Diretoria de Desenvolvimento Energético da CEAL - Assessor da Subcomissão de Minas e Energia do Senado Federal - Diretor de Distribuição e Comercialização da Companhia Energética de Alagoas - CEAL - Consultor em eficiência energética do PNUD / ELETROBRÁS - Secretário Executivo do Núcleo de Eficiência Energética na Indústria (NEEI / FIEA) - Secretário Executivo do Conselho Estadual de Política Energética de Alagoas - CEPE - Secretário de Estado Adjunto de Energia e Recursos Minerais de Alagoas - Vice-Presidente de Planejamento Energético do Fórum Nacional dos Secretários de Estado para Assuntos de Energia - FNSE - Representante da Região Nordeste no Conselho Consultivo da Empresa de Pesquisa Energética – EPE - Diretor Presidente da Gás de Alagoas S.A. – ALGÁS - Vice-Presidente do Conselho Estadual de Política Energética de Alagoas – CEPE - Presidente do Conselho Fiscal da ABEGÁS – Associação Brasileira das Empresas das Empresas Distribuidoras de Gás Natural – ABEGÁS - Professor nas disciplinas de Eletricidade e Eletrotécnica, no Centro de Tecnologia da Universidade Federal de Alagoas – UFAL - Membro do Conselho Estadual de Política Energética – CEPE LIVROS E TRABALHOS PUBLICADOS: - Protestos e Propostas (EDUFAL) - Energia: Um Mergulho na Crise (IGASA) - Política e Modelagem do Setor Elétrico (Imprensa Oficial GRACILIANO RAMOS) - Espírito Cidadão (EDUFAL) - Vários trabalhos sobre energia publicados nos anais de Seminários, Congressos Nacionais e Revista Internacional

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